(EF08ER02) Analisar filosofias de vida, manifestações e tradições religiosas destacando seus princípios éticos.
As vestimentas revelam muito da moral de uma tradição religiosa, pois mostram um conjunto de valores que determinam o que é proibido e permitido dentro de uma religião. Esses valores são construídos por um conjunto de suas crenças que remetem ao mito. Veremos a seguir, os valores morais de determinadas religiões e algumas de suas vestimentas.
Judaísmo: Na Torá, existem mais de 600 mandamentos, que regem vários aspectos da vida, destacando valores como a generosidade, a hospitalidade, a boa vontade para ajudar, a honestidade e o respeito pelos pais. Um princípio fundamental é não fazer mal aos outros.
Vestimentas:
Talit e Tsitsít: Durante as orações matutinas, os homens judeus vestem uma espécie de xale denominado Talit, com franjas pendentes em seus quatro cantos, bem como usam diariamente sob as suas camisas, um pequeno xale (de quatro cantos) com franjas. O preceito da vestimenta com franjas tem o propósito de associá-lo à consciência: vestimentas de quatro cantos são usadas como lembretes das obrigações presentes na Torá
Tefilín: Dentre os itens principais da oração encontram-se os filactérios, denominados Tefilín, que consistem em um par de caixas pretas de couro com tiras de couro amarradas, uma sobre o braço e a outra sobre a cabeça, as quais são usadas apenas pelos homens durante as orações. Aqui, novamente, na tradição judaica, a peça tem a funcionalidade de despertar a consciência, mantendo os judeus atentos às suas obrigações religiosas e morais.
Kipá: kipá é outro adereço masculino, usado pelos homens judeus, conhecido, também por solidéu. Cobrir a cabeça expressa respeito e consciência que sempre há algo acima do homem. O Talmud registra que um homem não deve andar mais de sete passos com a cabeça descoberta, “pois a Presença Divina paira sempre sobre a cabeça” (Tratados Shabat, 118b e Kidushin, 31a).
Na Torá há, ainda, algumas leis sobre o tipo de vestimentas que os judeus devem, ou não, usar. Um dos princípios básicos é que os homens são proibidos de usar roupas femininas, assim como as mulheres de se vestir como homem.
Destaque-se, ainda, as diferenças entre as vestimentas dos judeus orientais (sefaradim) e ocidentais (ashkenazim).
As comunidades judaicas orientais, especialmente do Marrocos, são as que possuem os figurinos mais variados. Os trajes festivos se caracterizam pelo uso de veludos, brocados e sedas. Percebe-se forte influência espanhola, principalmente no vestido usado no casamento por grande parte das noivas marroquinas, chamado de El Gran Vestido, ou pelo seu nome árabe, El-keswa El-kebira. Rico e elaborado, composto por uma saia comprida de veludo e bordada com fios de ouro, corpete em veludo da mesma cor da saia, mangas bufantes e um cinturão trabalhado em fios e pedras. Na cabeça, a noiva usa turbante de lenços coloridos, tiaras e até coroas. Nas três opções de adereços usados sobre a cabeça, a noiva leva um véu para cobrir para que cobrir o seu rosto durante a cerimônia de casamento.
Já os judeus ortodoxos originários da Europa Ocidental (ashkenazim) costumam vestir-se com roupas pretas ou escuras, chapéu de pele, chamado shtreimel, usados nas festas e dias santos, casacos pretos fechados na lateral (chamados bekeshe) e meias brancas grossas e altas. ashkenazim é tzniut, que significa recato.
As mulheres ortodoxas de origem europeia usam vestidos sem decotes, comprimento abaixo dos joelhos e com meia manga ou mangas compridas e a cabeça coberta por lenços ou perucas. O preceito de como se vestir aplicado à forma de vestir dos judeus ortodoxos.
Existe uma injunção bíblica contra a mistura de linho e lã na fabricação e uso de roupas. Essencialmente, Sha’atnez é uma das leis para as quais não é fornecida razão lógica.
O Talmud oferece algumas interpretações sobre a regra que proíbe a mistura de lã e linho na fabricação de tecidos. Uma delas é relacionada à história de Caim e Abel e às respectivas oferendas que levaram a D’us. O primeiro era agricultor e levou plantas que dão o linho, enquanto Abel, que era pastor, levou ovelhas, de cujo pelo se obtém a lã. Segundo a Cabala, a mística judaica, assim como estes dois filhos de Adão representavam forças espirituais opostas, que devem ser mantidas separadas, suas oferendas também não se devem mesclar.
Como em outras regras da tradição judaica, Sha’atnez é uma das proibições acerca da mistura de elementos, a exemplo da regra que veda seja o campo arado com uma vaca e um jumento juntos ou a conhecida regra de alimentação kosher ,em que não se misturam alimentos de carne com alimentos à base de leite.
Fonte: https://x.gd/pNEPI
Silveira, Valeska Freman Bezerra de Freitas. Ensino Religioso : passado, presente e fé. 8. Curitiba : Piá, 2019.
Trabalhos de alunos do 8º ano das escolas: Escola Núcleo Deolindo Zílio e Escola de Educação Básica Rosina Nardi e Escola de Educação Básica Raimundo Corrêa. 2024
Cristianismo: Os valores cristãos se baseiam na vida e nos ensinamentos de Jesus Cristo. O Sermão da Montanha, registrado no Evangelho de Mateus, é uma das principais bases para os cristãos, que também têm como princípio fundamental não fazer mal aos outros.
Vestimentas:
Na Igreja Católica Apostólica Romana, por exemplo, a roupa usada pelo padre se chama Batina. Ela é preta (significa a mortepara o mundo), tem 33 botões (a idade de Cristo) e 5 abotoaduras (as chagas de Jesus). O Amito é a peça que cobre os ombros e o pescoço, e pode ser circular ou retangular. O Cíngulo é o cordão amarrado na cintura, símbolo da luta contra as paixões mundanas.
Paramentos Litúrgicos: Estola, Casula, Dalmática e Capa de asperge. Estes são usados durante a celebração da Missa, dependendo do Tempo litúrgico (calendário específico da Igreja para o ano todo) usa-se cores diferentes: roxo: tempo do advento e quaresma e em cerimônias fúnebres; branco: solenidades e festas, tempo pascal e Natal; vermelho: celebração dos mártires e Espírito Santo; verde: tempo comum.
Alva: uma túnica branca usada sob os outros paramentos.
Estola: uma faixa usada ao redor do pescoço pelo padre, colocada sobre a túnica.
Casula: uma veste em forma de capa usada sobre a estola e a túnica.
Dalmática: uma veste parecida com a casula, usada pelos diáconos.
Capa de Asperge e véu umeral: (também chamada de capa pluvial): usada para procissões, casamentos e benção do Santíssimo.
Batina: vestimenta preta usada por sacerdotes e diáconos em ocasiões não litúrgicas, também chamada “veste talar”.
Sobrepeliz: veste branca usada sobre a batina preta, também usada por acólitos e coroinhas.
Mitra: um chapéu alto usado pelos Bispos e pelo Papa.
Pálio: uma faixa de lã branca bordada, usada pelos arcebispos, simbolizando a união com o Papa.
Hábito Monástico: vestimenta usada por monges.
Hábito religioso: cada congregação ou ordem religiosa, masculina ou feminina, tem seu hábito específico, uns com capuz ou não (espécie de toca). Algumas ordens religiosas, como os franciscanos e dominicanos, usam uma capa e um capuz como parte de seu hábito religioso.
Essas são apenas algumas das vestimentas religiosas usadas na Igreja Católica. A variedade de vestimentas reflete a diversidade de papéis e funções dentro da tradição católica e sua rica herança litúrgica e ritualística.
Fonte:
Silveira, Valeska Freman Bezerra de Freitas. Ensino Religioso : passado, presente e fé. 8. Curitiba : Piá, 2019. 69-70.
ASSINTEC. SUBSÍDIOS PEDAGÓGICOS PARA ENSINO RELIGIOSO. Informativo Assintec n 56. Indumentárias religiosas. Agosto de 2024. Disponível em: https://ensinoreligiosopraticaspedagogicas.blogspot.com/
Trabalhos de alunos do 8º ano das escolas: Escola de Educação Básica Rosina Nardi. 2024
Islã: O islamismo é uma religião prática, com instruções sobre como viver em um sistema chamado xariá, para orientar a tomada de decisões morais e legais. Enraizadas no Alcorão, essas instruções também acolhem a opinião de líderes religiosos. O Alcorão é o principal fundamento dos valores muçulmanos. Também existe a Suna, que consiste nos relatos da vida do profeta Mohammad.
VESTIMENTAS:
Segundo o Islã, as regras da Sharia (Lei Islâmica) visam assegurar o respeito tanto à mulher quanto ao homem nas sociedades. Para garantir esse respeito, o Islã recomenda o uso do chamado Hijab, que pode ser traduzido como uma vestimenta que funciona como uma cobertura, uma barreira ou um escudo, impedindo que pessoas que não façam parte da intimidade dessa mulher possam ver sua beleza física expressa pelo cabelo e pelo corpo, evitando assim a exposição em público. O Hijab acaba ajudando na proteção dessas mulheres em relação a um problema que todas as sociedades ocidentais têm se queixado, o chamado assédio sexual. Ao fazerem uso do hijab, as mulheres conseguem garantir sua dignidade em qualquer sociedade, seja ela ocidental ou oriental. O mesmo princípio se aplica aos homens, que também não devem expor seus corpos como ferramentas de atração. O culto ao corpo, o chamado hedonismo, tem levado as pessoas a construírem corpos perfeitos, mas a verdadeira preocupação deveria ser com suas almas, pois os corpos serão sepultados no solo, enquanto as almas eternas retornarão a Deus.
Fonte:
Silveira, Valeska Freman Bezerra de Freitas. Ensino Religioso : passado, presente e fé. 8. Curitiba : Piá, 2019. 69-70.
ASSINTEC. SUBSÍDIOS PEDAGÓGICOS PARA ENSINO RELIGIOSO. Informativo Assintec n 56. Indumentárias religiosas. Agosto de 2024. Disponível em: https://ensinoreligiosopraticaspedagogicas.blogspot.com/
Trabalho desenvolvido por alunos da Escola de Educação Básica Raimundo Corrêa. 2024.
Hinduísmo: A ética hindu está ligada à lei da causa e do efeito. O fiel hindu procura, com base nos seus méritos e esforços, ter uma conduta moral que lhe garanta viver melhor em outra vida. O carma é o efeito que as nossas ações causam no futuro e nas próximas vidas, e o darma é o conceito do caminho correto que cada pessoa deve seguir. Os hindus seguem o chamado Sanatana dharma, ou Darma Eterno.
VESTIMENTAS:
Nas tradições orientais, um acessório sagrado muito conhecido é a Japamala, que na língua antiga da índia, o sânscrito, “japa” significa murmurar e “mala” significa colar. É um objeto de origem indiana semelhante ao terço católico, mas, na tradição budista e hinduísta possui 108 contas ou contas em múltiplos de 27. O Japamala é utilizado para se recitar os mantras, que são como as orações, mas no contexto das tradições orientais.
Fonte:
Silveira, Valeska Freman Bezerra de Freitas. Ensino Religioso : passado, presente e fé. 8. Curitiba : Piá, 2019. 69-70.
ASSINTEC. SUBSÍDIOS PEDAGÓGICOS PARA ENSINO RELIGIOSO. Informativo Assintec n 56. Indumentárias religiosas. Agosto de 2024. Disponível em: https://ensinoreligiosopraticaspedagogicas.blogspot.com/
Trabalhos realizados pelos alunos do 8º ano da Escola de Educação Básica Rosina Nardi e Escola Núcleo Deolindo Zílio 2024
Budismo: A ética budista está fundamentada no caminho das oito vias e, de forma semelhante ao hinduísmo, adere à lei do carma, mas segue o Buddha dharma. Tal como outras religiões de origem indiana, como o hinduísmo e o jainismo, no budismo há o acúmulo de mérito ou demérito (carma bom ou mau) como resultado do compor tamento.
VESTIMENTAS
O budismo tibetano possui indumentárias (trajes) que são usados por Lamas (Mestres/as), monges, monjas e praticantes. Essas vestimentas têm um significado simbólico e são usadas como parte da prática espiritual e identificação da linhagem, vertente ou escola que têm o mesmo ensinamento do Buda, porém com rituais, preces, mantras, sutras distintas, incluindo suas roupas.
Tchuba calça/saia, camisa gola alta, manto zen e mala 108 contas é um traje tradicional no budismo tibetano que são usadas no dia a dia por praticantes ou especialmente em pujas (recitação, preces e meditação), rituais e cerimônias. Nos centros de estudos, como nos CEBBs, a indumentária principal do bodisatva ⎼ aquele que pratica para o benefício de todos os Seres ⎼ é a sabedoria e a compaixão. Portanto, sutil, pois pressupõe controle lúcido da mente, da fala (energias/emoções) e do corpo, em nossos relacionamentos conosco, com seres ao redor, com a natureza e com as instituições da sociedade.
O CEBB - Centro de Estudos Budistas Bodisatva é uma Escola Aberta para Seres Livres. Definição do Lama Padma Samten
Fonte:
Silveira, Valeska Freman Bezerra de Freitas. Ensino Religioso : passado, presente e fé. 8. Curitiba : Piá, 2019. 69-70.
ASSINTEC. SUBSÍDIOS PEDAGÓGICOS PARA ENSINO RELIGIOSO. Informativo Assintec n 56. Indumentárias religiosas. Agosto de 2024. Disponível em: https://ensinoreligiosopraticaspedagogicas.blogspot.com/
Trabalhos realizados pelos alunos do 8º ano da Escola de Educação Básica Rosina Nardi e Escola Núcleo Deolindo Zílio 2024
Religiões afro-brasileiras: cada orixá rege ou va loriza certas aptidões ou virtudes. Os fiéis seguem o que é definido pelo seu orixá ou guia espiritual, que o conduzirá no modo de ser, agir e estar no mundo. Alguns dos principais valores são a preservação ambiental e a busca do equilíbrio nas relações.
VESTIMENTAS
Umbanda: Umbanda é uma religião afro-brasileira que possui uma grande diversidade de práticas e rituais, e as vestimentas podem variar de acordo com as tradições locais, as linhas de trabalho espiritual e as preferências individuais dos praticantes. No entanto, durante cerimônias, rituais ou trabalhos espirituais, os praticantes da Umbanda muitas vezes usam roupas brancas, pois o branco é associado à pureza, à paz e à espiritualidade em muitas tradições religiosas afro-brasileiras.
Os trajes utilizados nos trabalhos não podem ser utilizados em outras ocasiões. A roupa branca, o pano da cabeça e qualquer outra indumentária utilizada pelo médium não pode ser utilizada no seu dia a dia. Essa restrição faz parte do respeito à religião, da distinção do sagrado e do profano. A roupa para o trabalho mediúnico precisa ser única. Além disso, é comum que os médiuns e líderes espirituais usem roupas específicas durante as sessões mediúnicas ou rituais, geralmente escolhidas de acordo com a entidade espiritual que está sendo incorporada ou homenageada. Por exemplo, um médium que está incorporando um entidade cabocla pode usar uma saia longa, um lenço na cabeça e outros elementos típicos das vestimentas associadas aos caboclos. Da mesma forma, um médium que está incorporando uma entidade cigana pode usar roupas coloridas e acessórios tradicionais da cultura cigana. Essas roupas e indumentárias não são consideradas sagradas no sentido tradicional, mas são usadas como parte da prática ritualística e da expressão cultural dentro da Umbanda. Portanto, a vestimenta típica dos praticantes da Umbanda pode variar dependendo da tradição, da região e das preferências individuais, mas geralmente inclui elementos brancos e cores específicas associadas aos Orixás e às linhas de trabalho espiritual. Aqui estão algumas características comuns das vestes utilizadas em rituais de Umbanda:
Branco: o branco é frequentemente usado como cor básica nas vestimentas da Umbanda, pois simboliza a pureza espiritual, a paz e a harmonia. Muitos praticantes usam roupas brancas durante os rituais para representar sua conexão com a espiritualidade e a pureza de intenções;
Cores específicas dos Orixás: em algumas tradições de Umbanda, as cores associadas aos Orixás são incorporadas nas vestimentas dos praticantes, especialmente quando estão incorporando os espíritos durante os rituais. Por exemplo, o vermelho pode ser associado a Xangô, o azul, a Iemanjá, o verde, a Oxóssi, o amarelo, a Oxum, entre outros;
Símbolos e acessórios religiosos: além das cores, as vestimentas podem incluir símbolos religiosos, talismãs ou amuletos associados à Umbanda e aos Orixás. Isso pode incluir colares, pulseiras, anéis, adereços de cabeça, entre outros, que representam a conexão espiritual do praticante com as divindades e os guias espirituais;
Indumentária ritualística: em certos rituais específicos, os praticantes da Umbanda podem usar indumentárias rituais que diferem das vestimentas do dia a dia. Isso pode incluir túnicas, saias, lenços, capas ou outros trajes tradicionais que são usados para marcar a importância e a sacralidade do ritual.
É importante ressaltar que as vestimentas na Umbanda são mais do que simplesmente trajes, elas são usadas como uma expressão externa da conexão espiritual e da identidade religiosa dos praticantes. As escolhas de vestuário podem variar de acordo com a preferência pessoal, a tradição local e o contexto específico do ritual.
As Roupas no Candomblé Ketu/Nagô
Vamos aqui destacar alguns pontos da nossa cultura, sem perder a integridade no que se refere ao vestuário do Candomblé, assim como dos nossos Orixás, como ela foi passada. Devemos estar atentos às hierarquias destes vestuários do Candomblé, não podemos ignorar as tradições centenárias, de uma religião milenar, e principalmente, a essência de cada Orisá.
Vamos apontar a forma de estarmos vestidos.
Abiyan (sexo feminino): Calçolão, Saia, Camizú, Pano da Costa (na cor branco) – chamados roupas de ração; estas roupas irão lhe acompanhar até que complete seus 7 anos de iniciados. Utilizam os fios de contas de Iemanjá e Osalá; dispensa calçados, maquiagem, brincos grandes, pulseiras e cordões. O Ojá faz parte da vestimenta, sendo que somente é utilizado quando é feito um Obí ou Borí.
Iyawô (até Obrigação de 3 anos – sexo feminino): Ojá, Calçolão, Saia, Camizú, Pano da Costa (na cor branco) – chamados roupas de ração; utilizam os 16 fios de contas, Mokan; dispensa calçados, maquiagem, brincos grandes, pulseiras e cordões. Algumas Casas também já permitem que nesta Obrigação (3 anos), tenha seu Delogun.
Para os iniciados que completam 7 anos, as roupas utilizadas já poderão ser de tecidos mais compostos, não tendo a necessidade do uso mais do Mokan, e dos 16 fios de conta; poderão também calçar calçados com salto (dentro do permitido por seu Babá ou Iyá). Existem algumas Casas que permitem na Obrigação de 3 anos do Iyawô colocarem rendas finas na barra sua saia, camizu e pano da costa, e utilizar de um calçado sem salto OBS: Roupas com tecidos estampados para o Sire, serão utilizados com prévia autorização do Babá ou Iyá, após a Obrigação de 3 anos.
Ogá: Até a sua confirmação, ele usará a mesma roupa que o Abiyan masculino. Quando já confirmado, poderá usar uma roupa mais composta. Não fazem uso de Ojá, salvo a uma obrigação.
Ekéji: Até a sua confirmação, ela usará a mesma roupa que o Abiyan feminino. Quando já confirmada, poderá usar uma roupa mais composta, calçado de salto, usam Ojá, e uma toalha que carrega nos ombros, para enxugar os Orisás.
Ades, Coroas e Paramentas de Òrisás:
Deve-se ter coerência ao vestir os Òrìsàs (Os Orisás são elementos da natureza, que utilizam representações da natureza, cada um tendo sua peculiaridade); deve haver discernimento quanto à altura dos Ades e Coroas. Deve-se sempre consultar o Babá ou Iyá da Casa, antes de adquirir.
Àsèsè: Homens: Calça, Camisa de Ração (brancos) e Ojá; Mulheres: Saia de ração e camizú e ojá (brancas);
Proibido: Brilho, Bordados, Vazados e Roupas Coloridas.
BATA: A utilização da bata é restrita às autoridades femininas da Casa (Ìyákekère, Iyalasé, Ìyámaye etc) – se todas as Ègbón usarem batas, será impossível distinguir as autoridades
PANO DE CABEÇA: A utilização do Pano de Cabeça é restrita às mulheres (o Babalòrìsà “em sua casa” tem a autonomia de optar ou não pelo uso. O pano de cabeça poderá ainda ser utilizado por homens, em obrigações internas em que ele está “recebendo asè, como, por exemplo, Bori”)
ABAS: As abas do Pano de Cabeça estão relacionadas ao Òrìsà da filha de Santo e a sua idade de santo (se seu Òrìsà for Oboro – masculino, você não poderá usar duas abas, sendo que essa ficou para as filhas de Santo, que possuem Òrìsàs Ayabas – femininos) Deve-se ter discernimento ao usar o Pano de Cabeças. O pano de Cabeças não é turbante com diversas voltas e de altura desmedida; seu pano de cabeça também não pode ser maior do que o da sua Ìyálòrìsà.
PANO DE COSTAS: Quem pode usar: a utilização do Pano de Costas é restrita às mulheres. Utilização: o pano da costa deve ser colocado na altura dos seios (somente as autoridades quando estão trajadas de Bata podem usar o pano na cintura).
FIOS DE CONTAS: Africanos/Corais/Pedras de uso exclusivo para autoridades do Candomblé e as pessoas com obrigação de sete anos (obrigações arriadas).
SAIAS: uso restrito às mulheres (homem não usa saias). Comprimento: a saia deve ser longa, cobrindo o calçolão (o uso de saieta é cabível somente para Òrìsàs masculinos – em mulheres).
OBS: Os Orixás femininos dos Homens usam saia.
Roupas Brilhosas: A utilização de roupas com muito brilho está condicionada à determinados Òrìsàs;
Bordados: As roupas bordadas como Rechilieu, Asa de Mosca, Roda de Quiabo e panos mais elaborados, são de uso exclusivo para autoridades e pessoas com obrigação de sete anos arriada.
BRINCOS E PULSEIRAS: Ìyáwò de Òrìsà Oboró (Santo Masculino), Abiyan, e Iyawô (até completar 7 anos) não devem usar brincos e/ou pulseiras. Em algumas Casas o Babá ou Iyá permitem ao Iyawô com sua obrigação de 3 anos, usar brincos e ou pulseiras. Devemos estar atentos à essência de nossa ancestralidade, os Òrìsàs. Um Ìyáwò aguardar a conclusão de suas obrigações, para a utilização de determinadas vestes, não a coloca inferior a ninguém, muito pelo contrário, mostra somente sua resignação por um determinado período, em obediência às regras do Candomblé pelo seu Òrìsà. O cumprimento desses interditos, confere ainda mais valor à obrigação de sete anos, em que, a então ìyáwò, poderá utilizar-se de outras indumentárias, estando desta forma, em outra fase de sua missã religiosa (tornando-se uma ègbón). No Candomblé, todos os passos são galgados, assim como na vida, afinal, a criança não nasce andando, existe um processo de aprendizagem.
Um Ogá não pode se sentir desprezado por não se vestir como um Babalòrìsà, ele sim, deve se sentir orgulhoso em poder preservar a cultura dos antigos Ogá. Um Ogá vestido com Ogá, é facilmente identificado em meio à multidão. O mesmo se aplica aos Babalòrìsàs, que não podem almejar as vestes femininas, pois, nesse caso, ao invés de mostrar poder e distinção, evidencia sua falta de conhecimento sobre a liturgia de cada elemento utilizado. Este texto não tem a intenção de ditar regras, mas sim, expor seus costumes, aprendidos aolongo de gerações.
Fonte:
Silveira, Valeska Freman Bezerra de Freitas. Ensino Religioso : passado, presente e fé. 8. Curitiba : Piá, 2019. 69-70.
ASSINTEC. SUBSÍDIOS PEDAGÓGICOS PARA ENSINO RELIGIOSO. Informativo Assintec n 56. Indumentárias religiosas. Agosto de 2024. Disponível em: https://ensinoreligiosopraticaspedagogicas.blogspot.com/
Trabalhos realizados pelos alunos do 8º ano da Escola de Educação Básica Rosina Nardi e Escola de Educação Básica Raimundo Corrêa. 2024